sábado, 19 de novembro de 2011

Os Diferentes Quadros Depressivos

O sentido de uma classificação de doenças ou quadros clínicos realiza-se quando expressa as diferentes formas de sofrimento, tratamento, cuidado e prognóstico.

Uma classificação psiquiátrica oferece uma linguagem sintética que explicita, empregando poucos termos: a qualidade dos problemas enfrentados por um paciente; sua provável resposta aos diferentes tratamentos disponíveis; a evolução destes problemas na falta de um tratamento eficaz; as complicações mais ou menos graves que podem advir de sua evolução tratada e não tratada; as prováveis causas ou fatores de risco que, modificados poderão prevenir ou modificar a evolução dos sintomas.

A tradição na psiquiatria propõe que depressões sem causas relacionadas aos fatos da vida seriam mais graves e menos afeitas aos tratamentos psicoterapicos. Isto entretanto não procede, por dois motivos: um paciente pode ter sintomas leves sem poder atribui-los a fato desencadeante específico; e pode apresentar grave quadro depressivo suicida, guardando relação bem definida com fatores desencadeantes contextuais, como morte, doença, falência, abandono, etc: a chamada Depressao endógena, ou melancólica, portanto, não devem ser confundidas com sinônimo de gravidade.

A existência de fato bem delimitado desencadeando os sintomas pode ser relevante para a escolha entre as diferentes abordagens psicoterapicas (terapia pela palavra), mais do que para indica-las ou não: caso existam fontes de angustia, técnicas cognitivistas e de aprimoramento das habilidades psicossociais são as preferíveis. Caso contrário, técnicas dirigidas ao insight e as comportamentais são indicaveis, dependendo da gravidade e das capacidades intelectuais, econômicas e motivacionais do paciente.

Nos quadros mais graves, mais crônicos e menos associados a fatos da vida, a relação custo-beneficio no emprego de medicamentos parece mais claramente favorável.

A diferenciação, classificação, caracterização e designação das doenças mentais é um projeto médico que se iniciou na antigüidade, e segue até os dias de hoje, acompanhando descobertas cientificas e o lento deslocamento no tenso ponto de equilibrio entre diferentes intereses e poder de influencia das partes envolvidas. Porque um diagnostico implica numa forma de conceitualizar o problema e suas soluções - e, em especial, indica a quem caberá a primazia de vender suas soluções. Ver em "A delicada ciencia das classificações das doenças mentais", nesta mesma publicação.

As Depressões são classificadas e designadas de acordo com sua intensidade, relação ou não com situação estressante desencadesdora, conjunto dos seus sintomas, duração; a existência de uma condição física ou medicamentosa preexistente e considerada responsáveis pelo seu Uma classificação oferece a oportunidade de se reconhecerem, apenas pela designação dos quadros depressivos específicos, os pacientes que poderão se beneficiar das diferentes formas de intervenção terapêuticas, entre elas as psicoterapias, medicamentos, mudanças em outros remedios ou estilo de vida, etc.

A tradição na psiquiatria propõe que depressões sem causas relacionadas aos fatos da vida seriam mais graves e menos afeitas aos tratamentos psicoterapicos. Isto entretanto não procede totalmente, por dois motivos: um paciente pode ter sintomas leves sem poder atribui-los a fato desencadeante específico, e outro pode apresentar grave quadro depressivo suicida, guardando estreita relação com fatos bem definidos - morte, doença, falência, etc. Além disso, a existência de fato bem delimitado desencadeando os sintomas é relevante para a escolha entre as abordagens psicológicas, mais do que para indica-las ou não: caso afirmativo, técnicas cognitivostas e de aprimoramento de habilidades psicossociais são preferíveis. Caso contrário, técnicas dirigidas ao insight e as comportamentais são indicadas, dependendo da gravidade e das capacidades intelectuais e econômicas do paciente.

Nos quadros mais graves, mais crônicos e menos associados a fatos da vida, a relação custo-beneficio no emprego de medicamentos no tratamento das depressões parece mais claramente favorável, comparativamente às terapias baseadas no enfrentamento de atitudes existenciais, comportamentais e mentais. enfrentados pelo sujeito e que desencadearam ou mantiveram seu sofrimento depressivo; a variedade e o grau de perdas adaptativas decorrentes da Depressao; a existência e o grau de riscos de suicídio; e a existência ou não de incapacidade para o trabalho decorrente da Depressao.

Como se pode ver, em Psiquiatria, "classificar" não é outra coisa do que bem descrever, empregando, para isto, alguns termos sintéticos que resumem blocos de palavras ou afirmações descritoras, e que, idealmente, permitem prever a evolução dos sintomas, inclusive em resposta aos diversos tratamentos - um projeto, mais do que uma realidade, hoje.

Quanto à intensidade dos sintomas, ou sua gravidade, as depressões perpassam um leque de condições de gravidade crescente, a partir dos estados considerados normais de tristeza, os quais daquelas se excluem, seguindo através das desordens de ajustamento com humor depressivo ou depressivo e ansioso (leve, com fato ou condição desencadeante), depressões inespecifica (leve sem fato ou condição desencadeante), recorrência sublimiar de uma desordem depressiva maior manifesta anteriormente (leve tendo apresentado anteriormente algum episódio depressivo grave), e os episódios depressivos maiores (EDM; maior significa grave), estes ainda subclassificados, ainda quanto à gravidade, paradoxalmente, como leves, moderados ou graves. Do subgrupo grave excluem-se, e se classificam com outra denominação, os pacientes que apresentam sintomas do tipo ouvir vozes, ver coisas ou agir de modo gravemente estranho, designados como "graves com sintomas psicóticos", que podem guardar estreita relação com os temas típicos da Depressão (perdas, empobrecimento, doença, feiura, incapacidade, inadequação, etc - e, portanto, subclassificados como congruentes com o humor), ou não (incongruentes com o humor).

Por ultimo, mas em absoluto não pós ser menos importante, o tema das formas de adoecimento depressivo não poderá estar completo sem uma adequada introdução às manias e hipomanias: a doença da energia excessiva.

As manias e as hipomanias, as primeiras mais graves, com mais sintomas, mais salientes, e mais perturbadores, foram clássica e, em geral, equivocadamente, caracterizadas como euforia - ou seja, o contrário da Depressão. Em 80% dos casos, no entanto, as manias e hipomanias cursam juntamente com Depressão, e a manifestação característica, em lugar da euforia é o excesso de "energia", que transparece na forma de um excesso de atividade física e mental, com fala abundante e em voz alta, associações verbais e mentais em profusão, umaopressão emocional muito elevada, ansiogênica para o interlocutor - comumente confundida por ansiosa pelos avaliadores. Ansiedade é o que se sente no contato com pessoas apresentando sintomas maníacos, comumente, porque se percebe que a pessoa está com um controle muito tênue de seus impulsos, exaltando-de com facilidade e, comumente, um pouco ou até delirantemente paranóide - inclusive, as vezes, com o interlocutor, agindo de modo hostil ou tentando de diferentes modos tolher-lhe a liberdade - com receio de venham tolher a sua ou causar-lhe alguma outra forma desagradável de prejuízo.

Assim, sintomas psicóticos, delirantes ou alucinatórios, são uma outra forma de apresentação dos quadros depressivos - as assim chamadas psicoses afetivas, entre as quais, as depressoes psicóticas, as desordens esquizoafetivas, as esquizofrenias acompanhadas de Depressões inespecificas, assim como suas versões maníacas ou hipomaníacas - as clássicas (eufóricas) e as mistas (irritadas, depressivas).

Para cada diagnóstico e contexto, um plano de tratamento abrangente e muito variado deve ser posto em pratica. Que reside muito mais em arte do que em ciência, pois esta só tem a dizer do que é comum e invariável - condições prescipuas da replicação das observações, e da generalização das estratégias terapêuticas fundadas em observação sistemática. Como não existem dois casos iguais, nada garante que o que funcionou para um funcionará do mesmo modo para o outro caso - e é aqui que entra a arte, a sabedoria, a sensibilidade, a inteligência e a experiência do terapeuta, que sustentam-se, mas não se limitam, sobre o cientificamente estabelecido.